-Trousse
umas roupinhas para você – disse Lucy quando eu abri a porta.
-Oi pra você também – brinquei.
-Não temos tempo, Emma. Você só tem
uma hora e meia – Lucy me puxou pelo braço, corremos até o meu quarto. Onde
Lucy despejo tudo em cima da minha cama.
Era peças e
mais peças de roupas, a maioria vestidos e sapatos de salto.
-Não, Lucy.
Não uso salto e muito menos vestidos, são muito...
-Femininos?
– ela riu.
-Não é isso,
eu sou feminina, meus jeans são bem coladinhos – ela riu de novo.
-Jeans
colados e blusa decotadas não bastam.
-E o que é
preciso – disse sarcástica.
-Vestido e
salto, coloca logo – Lucy me empurrou até o banheiro, me entregou uns vinte
pares de sapatos e incontáveis vestidos, tive que experimentar todos.
O primeiro
era um amarelo tomara que caia. O segundo o roxo com flores nas pontas, com um
salto que eu nem consegui dar dois passos.O terceiro era vermelho o que me
deixou tão branca quanto uma vampira e os outros prefiro nem citar.
-Eu desisto
Lu. Vou de jeans e blusa, esses vestidos me fazem parecer uma prostituta.
-Não fala
assim, Emma. Você ficou linda em todos esses.
Me joguei na
cama, só tinha mais quarenta minutos até Roy chegar.
-Ta tudo
bem. Eu não queria te mostrar porque, trouxe vestidos lindos. Mais eu sei como
você é, então trouxe uma blusa branca super linda que fica linda com um
shortinho jeans.
-Sério?Ai
Lucy, eu não sei o que eu faria sem você – comemoramos com um abraço, que não
durou um segundo. Corri para o banheiro e coloquei a roupa.
Saí do
banheiro em desfile pronta para a nota de Lu. Penteei o cabelo, o prendi em um
rabo alto, sem a franja. A campainha tocou.
-Ficou
lindo, mais o salto você vai ter que usar.
-Ok, mais aí
eu coloco lá em baixo.
A campainha
tocou.
-Ta, ta vai
logo, vai ....
Desci as
escadas correndo. Parei um minuto na porta, respirei fundo e abri a porta.
-Pronta –
perguntou Roy, ele estava lindo como sempre. Uma calça social clara e uma blusa
branca que se destacava na sua pele, que estava bronzeada.
-Claro.
-A sua amiga
vai?
-Lucy, não.
Como sabe?
-Esse é o
carro dela não? – o carro de Lucy estava estacionado na porta de casa.
-Ela veio
fazer um favor para minha mãe. Ela é de casa.
-Então,
podemos ir?
-Sim, sim
claro.
Fomos até ao
cinema, o mesmo que fui com Lucy outro dia. Havia mais dois filmes diferentes
em cartaz.
-Então, vai ser romance meloso ou
terror e sangue?
-Terror e sangue – peguei a pipoca
que Roy segurava.
-Sério?Gostei de você – ele brincou.
-E porque não gostaria, essa é só
uma das minhas mil qualidades.
Entramos na
seção do filme de terror. Foi até mais divertido do que eu achei que seria. A
seção acabou às onze horas, então lembrei que meus pais nem sabiam que eu tinha
saído, mas não me importei.
-Não acredito que ele realmente fez
isso – disse Roy enquanto saímos da seção.
-Sempre tem um idiota que vai para o
meio do nada, e acha que lá vai estar seguro – joguei o pacote da pipoca já
vazio no lixo.
-Mais ainda não entendi porque ele
não fugiu antes.
-É um filme de terror, se ele não
for torturado até o final...não vale a pena – já estávamos na porta do cinema
municipal.
-É...tem razão.
Olhamos para
a rua, só os letreiros estavam acesos, parecia uma cidade fantasma.
-É, está tarde – comentou Roy.
-Nem tanto Roy,eu acho que a cidade inteira está no jogo de
basquete.
-Porque, não é nem a final?
-Vai saber, as vezes estão lá para
ver as lideres de torcida que se apresentam antes.
-Deve ser – nós rimos.
Der repente
tudo ficou quieto, eu não tinha nada para dizer o que me deixou super nervosa,
eu estava tentando disfarçar esse tempo todo, mais não conseguia me manter
calma perto dele.
-Emma – ele se aproximou.
-Fala... – podia sentir meu suor
escorrer.
-Foi muito legal vir com você aqui
hoje, no começo eu pensei... Acho que não é só a Emma, mais aí depois eu pensei
porque não?
-Sério, valeu pela sinceridade – eu
ri.
-Desculpa, mas não ia me sentir bem
se não dissesse.
-Então acho que você vai mudar sua
idéia sobre a vizinha chata aqui – brinquei.
-Já mudei.
E então o
mais inesperado, Roy me beijou. Eu esperava por isso desde a quinta série,
claro que ele não precisava saber disso. Na verdade eu também não esperava que
isso pudesse acontecer, e na verdade não era só meu primeiro beijo com o Roy,
mas como o meu primeiro beijo com qualquer pessoa. Pode pensar o que quiser,
mas eu não era saída e vivida como Lucy e Priscila, sempre mantive meus olhos
fixos em uma pessoa, e parece que não foi uma total perda de tempo.
-O que foi isso – perguntei, ta eu
sabia muito bem o que estava acontecendo.
-Nada. Vem – disse ele me puxando
pela mão – Vou te deixar em casa antes que seus pais chamem a policia.
-Até parece, eles nem devem ter
notado que eu saí.
Eu entrei no carro de Roy, era um
modelo mais casual. E tinha o banco de trás bem grande, ele sempre andava com o
povo do time lá, por isso havia muito espaço.
O carro parou bem na frente da minha
casa. Roy me beijou de novo, não acreditei duas vezes na mesma noite. Mas dessa
vez não foi como o primeiro, foi mais intenso e mais demorado, muito melhor. Ele
deslizou a mão pelo meu ombro, mas o interrompi.
-Por hoje é só – abri a porta do
carro.
-Boa noite.
-Boa noite.
Fui para a
entrada da casa, quando cheguei na porta percebi que ele ainda estava lá, então
me virei e acenei.Era como se ele estivesse esperando por isso, então ouvi Roy
dar a partida no carro.Ele estacionou um pouco mais no final da rua.
-Porque não guarda na garagem? –
gritei.
-Não quero acordar ninguém – ele
gritou de volta.
As luzes da casa de dos avôs de Roy
se acenderam.
-Acho que agora é tarde de mais.
Nos despedimos de novo, peguei a
chave e abri a porta de casa.A sala estava escura, significava que todos já
tinham ido dormir, me senti feliz porá não ter que explicar nada.Fui para o meu
quarto nas pontas do pés, e dormir como nunca tinha dormido antes.
Acordei pelas seis, levantei da cama
sonolenta ainda.Me assustei ao ver areia no chão do meu quarto.Peguei uma
vassoura no andar de baixo e limpei a areia, fiquei um tempo imaginando como
aquela areia podia ter chegado no meu quarto, mas não tinha tempo para isso,
tinha que ir para escola.
Olhei para o guarda- roupa
angustiada, agora que eu e Roy tínhamos nos beijado eu não podia vestir
qualquer coisa, até pensei em ir com um dos vestidos que Lucy deixou na minha
casa, mas ir para escola daquele jeito me levaria direto para a diretoria.
Coloquei minha saia, a mesma que eu
nunca tinha usado até completar meus dezesseis anos.Experimentei umas quatro
blusas, mas acabei usando uma blusa rosa claro com babadinho nas pontas.
Desci as escadas correndo, já não
dava tempo para o café.Enquanto atravessava a sala ouvi a buzina de Adam soar, nem lembrei de me
despedir da minha família e saí.
-Estou te esperando a quatro minutos
– Adam olhou no relógio.
-Desculpa, estava escolhendo a roupa
– fechei a porta do carro.
-Rosa? – ele acelerou, me fazendo segurar
na porta do carro.
-É.Porque a surpresa?
-Achei que gostasse mais de azul.
-Gosto, mais como sabe?
-Só vi você usando azul e branco
desde que te conheci, acho que isso me deu uma pista –disse enquanto ria.
-Pode rir, eu não me importo.
Na verdade me incomodei um pouco, se
Adam percebeu, o que impediriam Roy de perceber.Chegamos na escola, corri para
meu armário na mesma hora que estacionamos, e em poucos segundo Lucy se juntou
a mim.
-Oi, o que foi?Você parecia tão
aflita na mensagem.
-Você não vai acreditar – pulei de
alegria.
-Fala então garota, não me deixa
mais curiosa ainda.
-Eu e o Roy nos beijamos – disse
baixinho.
-O que? Não acredito!Como,quando? –
ela pulava tanto quanto eu.
-Ontem, depois do cinema.
-Foram ao cinema! – gritou Lucy.
-Fala baixo Lucy, quer que a escola
inteira saiba?
-Não a escola inteira, só a Pri.
-Não vai falar nada, nem para
ela.Prometa.
-Mais essa é a nossa chance.
-Nossa não, sua – abri meu armário e
peguei meu livro de química.
-Minha?Esqueceu de tudo que ela já
te fez?
-Não importa Lu...
-Ela deu uma festa do pijama na
quinta série e convidou todo mundo, menos você e eu.Jogou refrigerante no seu
saco de dormir no acampamento , e todo mundo acho que você tinha feito
xixi.Trocou seu xampu por removedor de cabelo, no vestiário feminino.Roubou
seus livros de português, sabendo que você tem dificuldade.Roubou nas olimpíadas
de matemática para você não passar...quer que eu diga mais? – Lucy estava
exaltada.
-Ela esta tentando se redimir Lucy,
eu acho que tenho que dar uma chance.
-Emma, o que está acontecendo com
você?Esta regredindo!Esse ano você está tão mais divertida, participativa
popular, está tomando as rédeas da sua vida e der repente entrega tudo para ela
de novo!
-Lucy, não faça tempestade em copo
de água amiga.E se ela não estivesse tentando ser legal comigo, não me daria
convite para uma festa.
-Que festa?
-Um luau, na praia da Colina, aquela
lá perto de casa – disse mostrando o convite para ela.
-É o Luau mais conhecido do estado –
disse Lucy olhando o convite.
-Então, eu não posso fazer nada
depois dela se abrir para mim e me dar isso.Mas acho que eu nem vou afinal, não
gosto muito de festas, você sabe.
-Claro que você vai.É no final do mês
que vem, nem acredito que você tem essa chance amiga.Celebridades,
oportunidades de emprego e de ingressar no mundo dos famosos, os maiores
investidores da cidade e do estado, muitos gatinhos.Que sorte sua.
O sinal bateu, Lucy se virou e andou
pelo corredor, fui atrás dela.
Demorei umas semanas para tomar a decisão
que eu tomei. Fui até o encontro de Lucy naquele dia, esperei até a hora do
recreio para falar com ela.
-Lucy, se você quiser pode ir no meu
lugar.Eu não gosto de festa mesmo.
-Mas a Pri deu para você.
-Ela me deu, o que eu faço com ela é
problema meu.
Lucy abriu um sorriso no rosto, ela estava feliz como nunca
esteve antes. Podia sentir de longe. Fiquei tão feliz por ela, estava com
certeza fazendo a coisa certa, ela iria aproveitar e afinal, eu nunca gostei de
festas mesmo.
A aula de química estava um tédio, não via a hora do dia
acabar.Me sentia tão estranha por odiar uma matéria que eu gostava antes.Na
hora do recreio e e Lucy fomos até a quadra, onde normalmente lanchávamos.
-Oi – disse Lila Evans, que estava sentada ao lado de Sarah
Gray e Milla Davis.
-Oi, e aí? – perguntou Lucy.
-Nada de bom, segundo ano é uma merda – resmungou Milla.
Não falei nada apenas sorri. Lila sempre foi uma pessoa muito
popular, ela falava com todo mundo, até comigo.Mas ela sempre andava com Milla
Davis, que era uma total rebelde, segundo boatos ela já até tinha sido pega
pela policia por causa de brigas, e todo mundo dizia que ela usava drogas, não
era o tipo de pessoa que eu gostava de ter por perto.
-Lucy, Emma. Eu a Sarah e Milla vamos ao shopping hoje,começamos
no nosso novo emprego, em uma livraria, porque não vão com agente.
-Sinto muito – disse Lucy – Tenho compromisso.
-Sério? –Perguntei.
-Sim.
-E com quem? – se intrometeu Milla.
-Alguém, tudo que eu posso falar é que ela é um mega gato.
As meninas riram, e acabou que eu nem disse se ía ou não ao shopping.Fiquei
magoada por Lucy não ter me contado que tinha um encontro, ainda mais de ter
contado sobre o Roy para ela.
Cheguei em casa, tinha um bilhete em cima da mesa.
“fomos ao super mercado, se quiser algo para comer manda uma mensagem
para o celular do seu irmão, ele está com agente. Beijinhos do papai e da mamãe.
Achei o fim da picada, Bem sair mais cedo da escola para ir a
super mercado com meus pais.Mais pior ainda era eles escreverem esse bilhetinho
ridículo, eles acham que eu tenho quantos anos afinal! A campainha tocou.Fui até a porta batendo
os pés.
-O que é? – perguntei raivosa ao abrir a porta, mas me
arrependi eternamente ao ver quem era.
-Se quiser eu volto depois – disse Roy um pouco presunçoso.
-Desculpe – disse bem rápida – Meus pais me tiram do sério.
-Eu sei como é.Posso entrar?
-Claro claro. Desculpa, esqueci os bons modos.
-Claro que não, só está um pouco nervosa.
Ele era sempre tão gentil e tentava me ajudar mesmo nessas situações.
-Então, o que tem de importante?
-Como assim?
-Para vir a minha casa – disse enquanto me sentava no sofá.
-Um vizinho não pode visitar a vizinha mais.
-Ta bom, então obrigada pela visita, “visinho”.
Ele riu, seu sorriso era lindo, mostrava completamente seus
dentes brancos, até a pontinha quebrada no seu dente de baixo, o que me encanta.
-Então, eu vou deixar a formalidade de lado.Até porque nós já
nos beijamos, não somos mais estranhos.
Pude sentir meu sangue gelar quando ele disse isso.
-Então?
-Eu não sei, estava pensando em fazer alguma coisa – disse
ele se sentando ao meu lado no sofá.
-Tipo, sair?
-Sair?Não, prefiro ficar aqui com você.
Ele se aproximou e colocou a mão na minha nuca, me puxou para
ele e me beijou.Foi um beijo quente e molhado,me sentia presa a ela.Ficamos um
bom tempo naquele beijo,até que ele se levantou.
-Porque não me mostra o seu quarto – sugeriu.
-Por quê?É só um quarto.
-Não, é o seu quarto. Eu quero ver – não pude resistir a ele
sendo tão fofo assim.Ele estava com seu cabelo loiro bagunçado, o que o deixava
bem mais atraente.
Entramos no meu quarto, Roy o olho do chão ao teto.Agora o
menino mais lindo da escola, mais disputado da líderes de torcida, mais fofo,
mais tudo, estava no meu quarto.
Me encostei na parede enquanto ele olhava os porta –
retratos.
-Quem são? – ele
perguntou.
-Eu e meu irmão.
-Sério que é você?Nem parece, emagreceu.
-Eu era uma criança bem gordinha, mais deixa isso pra lá.
-Tudo bem então.
Ele veio em
minha direção e me beijou mais uma vez.O que ele pensava, eu queria tanto
saber.Será que estava me considerando sua namorada,isso ia ser ótimo.
Fomos para sala.Sabia que minha família
chegaria em breve, e meu pai me mataria se tivesse um garoto no meu quarto.
-Porque não vai lá em casa, é logo ali
na frente – ele riu.
-Tudo bem, vou só colocar uma sandália.
Me sentei no
sofá e tirei o tênis, peguei as minhas sandálias que estavam de baixo do
sofá.Meus pais chegaram naquela hora.
-Chegamos –
disse papai carregando as sacolas.
-Gente, esse
é o nosso vizinho Roy Jones, ele veio nos fazer uma visita.
-Prazer –
disse papai apertando a mão de Roy.
-Então eu
vou saindo. E depois vou ao shopping, posso levar seu cartão?
-Pode –
disse mamãe um pouco brava, acho que ele não permitiria se não tivesse visita
bem a frente dela.
Atravessamos a rua, andamos duas casas e estávamos na casa
dos avós de Roy.Entramos na casa, era um casa comum, e com todas aquelas coisas
que tem em casas de avós.Subimos para o quarto de Roy, a parede das escadas
estavam repletas de fotos deles e de Pri.Vi umas malas ao lado do quarto dele,
mas não disse nada.
O quarto de Roy tinha pôster de futebol até o teto, ele era
um ótimo jogador,E aposto que já tinha a vaga na faculdade garantida.
-É só um quarto – disse ele.
-Não é só um quarto, é o seu quarto – brinquei referente ao
que ele tinha dito na minha casa.
Então nos beijamos mais uma vez,nos sentamos na cama dele.Que
era bem macia.Os beijos ficavam cada vez mais quentes,eu estava pegando
fogo,suas mãos desceram até meu braços,ele me puxava cada vez mais para si.Ele
me puxou pela cintura, estávamos totalmente unidos, nunca me imaginariam assim
com Roy, nunca.Sua mão descia da minha cintura.
-Chega – disse rápido.
-O que? – ele perguntou muito calmo, sabia que ele estava
acostumado.
-Está indo muito rápido.
-Eu não disse nada – ele tornou a me beijar.
-Não sou as meninas que você saí, Roy.
Levantei-me e saí do quarto dele. Quando abri a porta da casa
dele para sair, dei de cara com Pri. Desviei dela e continuei andando, fui para
o shopping como tinha dito.
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