quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

História parte 7


-Trousse umas roupinhas para você – disse Lucy quando eu abri a porta.
            -Oi pra você também – brinquei.
            -Não temos tempo, Emma. Você só tem uma hora e meia – Lucy me puxou pelo braço, corremos até o meu quarto. Onde Lucy despejo tudo em cima da minha cama.
Era peças e mais peças de roupas, a maioria vestidos e sapatos de salto.
-Não, Lucy. Não uso salto e muito menos vestidos, são muito...
-Femininos? – ela riu.
-Não é isso, eu sou feminina, meus jeans são bem coladinhos – ela riu de novo.
-Jeans colados e blusa decotadas não bastam.
-E o que é preciso – disse sarcástica.
-Vestido e salto, coloca logo – Lucy me empurrou até o banheiro, me entregou uns vinte pares de sapatos e incontáveis vestidos, tive que experimentar todos.
O primeiro era um amarelo tomara que caia. O segundo o roxo com flores nas pontas, com um salto que eu nem consegui dar dois passos.O terceiro era vermelho o que me deixou tão branca quanto uma vampira e os outros prefiro nem citar.
-Eu desisto Lu. Vou de jeans e blusa, esses vestidos me fazem parecer uma prostituta.
-Não fala assim, Emma. Você ficou linda em todos esses.
Me joguei na cama, só tinha mais quarenta minutos até Roy chegar.
-Ta tudo bem. Eu não queria te mostrar porque, trouxe vestidos lindos. Mais eu sei como você é, então trouxe uma blusa branca super linda que fica linda com um shortinho jeans.
-Sério?Ai Lucy, eu não sei o que eu faria sem você – comemoramos com um abraço, que não durou um segundo. Corri para o banheiro e coloquei a roupa.
Saí do banheiro em desfile pronta para a nota de Lu. Penteei o cabelo, o prendi em um rabo alto, sem a franja. A campainha tocou.

-Ficou lindo, mais o salto você vai ter que usar.
-Ok, mais aí eu coloco lá em baixo.
A campainha tocou.
-Ta, ta vai logo, vai ....

Desci as escadas correndo. Parei um minuto na porta, respirei fundo e abri a porta.
-Pronta – perguntou Roy, ele estava lindo como sempre. Uma calça social clara e uma blusa branca que se destacava na sua pele, que estava bronzeada.
-Claro.
-A sua amiga vai?
-Lucy, não. Como sabe?
-Esse é o carro dela não? – o carro de Lucy estava estacionado na porta de casa.
-Ela veio fazer um favor para minha mãe. Ela é de casa.
-Então, podemos ir?
-Sim, sim claro.

Fomos até ao cinema, o mesmo que fui com Lucy outro dia. Havia mais dois filmes diferentes em cartaz.
            -Então, vai ser romance meloso ou terror e sangue?
            -Terror e sangue – peguei a pipoca que Roy segurava.
            -Sério?Gostei de você – ele brincou.
            -E porque não gostaria, essa é só uma das minhas mil qualidades.
           
Entramos na seção do filme de terror. Foi até mais divertido do que eu achei que seria. A seção acabou às onze horas, então lembrei que meus pais nem sabiam que eu tinha saído, mas não me importei.
            -Não acredito que ele realmente fez isso – disse Roy enquanto saímos da seção.
            -Sempre tem um idiota que vai para o meio do nada, e acha que lá vai estar seguro – joguei o pacote da pipoca já vazio no lixo.
            -Mais ainda não entendi porque ele não fugiu antes.
            -É um filme de terror, se ele não for torturado até o final...não vale a pena – já estávamos na porta do cinema municipal.
            -É...tem razão.
Olhamos para a rua, só os letreiros estavam acesos, parecia uma cidade fantasma.
            -É, está tarde – comentou Roy.
            -Nem tanto Roy,eu  acho que a cidade inteira está no jogo de basquete.
            -Porque, não é nem a final?
            -Vai saber, as vezes estão lá para ver as lideres de torcida que se apresentam antes.
            -Deve ser – nós rimos.
Der repente tudo ficou quieto, eu não tinha nada para dizer o que me deixou super nervosa, eu estava tentando disfarçar esse tempo todo, mais não conseguia me manter calma perto dele.
            -Emma – ele se aproximou.
            -Fala... – podia sentir meu suor escorrer.
            -Foi muito legal vir com você aqui hoje, no começo eu pensei... Acho que não é só a Emma, mais aí depois eu pensei porque não?
            -Sério, valeu pela sinceridade – eu ri.
            -Desculpa, mas não ia me sentir bem se não dissesse.
            -Então acho que você vai mudar sua idéia sobre a vizinha chata aqui – brinquei.
            -Já mudei.
E então o mais inesperado, Roy me beijou. Eu esperava por isso desde a quinta série, claro que ele não precisava saber disso. Na verdade eu também não esperava que isso pudesse acontecer, e na verdade não era só meu primeiro beijo com o Roy, mas como o meu primeiro beijo com qualquer pessoa. Pode pensar o que quiser, mas eu não era saída e vivida como Lucy e Priscila, sempre mantive meus olhos fixos em uma pessoa, e parece que não foi uma total perda de tempo.
            -O que foi isso – perguntei, ta eu sabia muito bem o que estava acontecendo.
            -Nada. Vem – disse ele me puxando pela mão – Vou te deixar em casa antes que seus pais chamem a policia.
            -Até parece, eles nem devem ter notado que eu saí.
           
            Eu entrei no carro de Roy, era um modelo mais casual. E tinha o banco de trás bem grande, ele sempre andava com o povo do time lá, por isso havia muito espaço.
            O carro parou bem na frente da minha casa. Roy me beijou de novo, não acreditei duas vezes na mesma noite. Mas dessa vez não foi como o primeiro, foi mais intenso e mais demorado, muito melhor.                                           Ele deslizou a mão pelo meu ombro, mas o interrompi.
            -Por hoje é só – abri a porta do carro.
            -Boa noite.
            -Boa noite.
Fui para a entrada da casa, quando cheguei na porta percebi que ele ainda estava lá, então me virei e acenei.Era como se ele estivesse esperando por isso, então ouvi Roy dar a partida no carro.Ele estacionou um pouco mais no final da rua.
            -Porque não guarda na garagem? – gritei.
            -Não quero acordar ninguém – ele gritou de volta.
            As luzes da casa de dos avôs de Roy se acenderam.
            -Acho que agora é tarde de mais.
           
            Nos despedimos de novo, peguei a chave e abri a porta de casa.A sala estava escura, significava que todos já tinham ido dormir, me senti feliz porá não ter que explicar nada.Fui para o meu quarto nas pontas do pés, e dormir como nunca tinha dormido antes.
            Acordei pelas seis, levantei da cama sonolenta ainda.Me assustei ao ver areia no chão do meu quarto.Peguei uma vassoura no andar de baixo e limpei a areia, fiquei um tempo imaginando como aquela areia podia ter chegado no meu quarto, mas não tinha tempo para isso, tinha que ir para escola.
            Olhei para o guarda- roupa angustiada, agora que eu e Roy tínhamos nos beijado eu não podia vestir qualquer coisa, até pensei em ir com um dos vestidos que Lucy deixou na minha casa, mas ir para escola daquele jeito me levaria direto para a diretoria.
            Coloquei minha saia, a mesma que eu nunca tinha usado até completar meus dezesseis anos.Experimentei umas quatro blusas, mas acabei usando uma blusa rosa claro com babadinho nas pontas.
            Desci as escadas correndo, já não dava tempo para o café.Enquanto atravessava a sala  ouvi a buzina de Adam soar, nem lembrei de me despedir da minha família e saí.

            -Estou te esperando a quatro minutos – Adam olhou no relógio.
            -Desculpa, estava escolhendo a roupa – fechei a porta do carro.
            -Rosa? – ele acelerou, me fazendo segurar na porta do carro.
            -É.Porque a surpresa?
            -Achei que gostasse mais de azul.
            -Gosto, mais como sabe?
            -Só vi você usando azul e branco desde que te conheci, acho que isso me deu uma pista –disse enquanto ria.
            -Pode rir, eu não me importo.

            Na verdade me incomodei um pouco, se Adam percebeu, o que impediriam Roy de perceber.Chegamos na escola, corri para meu armário na mesma hora que estacionamos, e em poucos segundo Lucy se juntou a mim.
            -Oi, o que foi?Você parecia tão aflita na mensagem.
            -Você não vai acreditar – pulei de alegria.
            -Fala então garota, não me deixa mais curiosa ainda.
            -Eu e o Roy nos beijamos – disse baixinho.
            -O que? Não acredito!Como,quando? – ela pulava tanto quanto eu.
            -Ontem, depois do cinema.
            -Foram ao cinema! – gritou Lucy.
            -Fala baixo Lucy, quer que a escola inteira saiba?
            -Não a escola inteira, só a Pri.
            -Não vai falar nada, nem para ela.Prometa.
            -Mais essa é a nossa chance.
            -Nossa não, sua – abri meu armário e peguei meu livro de química.
            -Minha?Esqueceu de tudo que ela já te fez?
            -Não importa Lu...
            -Ela deu uma festa do pijama na quinta série e convidou todo mundo, menos você e eu.Jogou refrigerante no seu saco de dormir no acampamento , e todo mundo acho que você tinha feito xixi.Trocou seu xampu por removedor de cabelo, no vestiário feminino.Roubou seus livros de português, sabendo que você tem dificuldade.Roubou nas olimpíadas de matemática para você não passar...quer que eu diga mais? – Lucy estava exaltada.
            -Ela esta tentando se redimir Lucy, eu acho que tenho que dar uma chance.
            -Emma, o que está acontecendo com você?Esta regredindo!Esse ano você está tão mais divertida, participativa popular, está tomando as rédeas da sua vida e der repente entrega tudo para ela de novo!
            -Lucy, não faça tempestade em copo de água amiga.E se ela não estivesse tentando ser legal comigo, não me daria convite para uma festa.
            -Que festa?
            -Um luau, na praia da Colina, aquela lá perto de casa – disse mostrando o convite para ela.
            -É o Luau mais conhecido do estado – disse Lucy olhando o convite.
            -Então, eu não posso fazer nada depois dela se abrir para mim e me dar isso.Mas acho que eu nem vou afinal, não gosto muito de festas, você sabe.
            -Claro que você vai.É no final do mês que vem, nem acredito que você tem essa chance amiga.Celebridades, oportunidades de emprego e de ingressar no mundo dos famosos, os maiores investidores da cidade e do estado, muitos gatinhos.Que sorte sua.
           
            O sinal bateu, Lucy se virou e andou pelo corredor, fui atrás dela.
            Demorei umas semanas para tomar a decisão que eu tomei. Fui até o encontro de Lucy naquele dia, esperei até a hora do recreio para falar com ela.
            -Lucy, se você quiser pode ir no meu lugar.Eu não gosto de festa mesmo.
            -Mas a Pri deu para você.
            -Ela me deu, o que eu faço com ela é problema meu.

Lucy abriu um sorriso no rosto, ela estava feliz como nunca esteve antes. Podia sentir de longe. Fiquei tão feliz por ela, estava com certeza fazendo a coisa certa, ela iria aproveitar e afinal, eu nunca gostei de festas mesmo.
A aula de química estava um tédio, não via a hora do dia acabar.Me sentia tão estranha por odiar uma matéria que eu gostava antes.Na hora do recreio e e Lucy fomos até a quadra, onde normalmente lanchávamos.
-Oi – disse Lila Evans, que estava sentada ao lado de Sarah Gray e Milla Davis.
-Oi, e aí? – perguntou Lucy.
-Nada de bom, segundo ano é uma merda – resmungou Milla.
Não falei nada apenas sorri. Lila sempre foi uma pessoa muito popular, ela falava com todo mundo, até comigo.Mas ela sempre andava com Milla Davis, que era uma total rebelde, segundo boatos ela já até tinha sido pega pela policia por causa de brigas, e todo mundo dizia que ela usava drogas, não era o tipo de pessoa que eu gostava de ter por perto.

-Lucy, Emma. Eu a Sarah e Milla vamos ao shopping hoje,começamos no nosso novo emprego, em uma livraria, porque não vão com agente.
-Sinto muito – disse Lucy – Tenho compromisso.
-Sério? –Perguntei.
-Sim.
-E com quem? – se intrometeu Milla.
-Alguém, tudo que eu posso falar é que ela é um mega gato.

As meninas riram, e acabou que eu nem disse se ía ou não ao shopping.Fiquei magoada por Lucy não ter me contado que tinha um encontro, ainda mais de ter contado sobre o Roy para ela.
Cheguei em casa, tinha um bilhete em cima da mesa.
“fomos ao super mercado, se quiser algo para comer manda uma mensagem para o celular do seu irmão, ele está com agente. Beijinhos do papai e da mamãe.

Achei o fim da picada, Bem sair mais cedo da escola para ir a super mercado com meus pais.Mais pior ainda era eles escreverem esse bilhetinho ridículo, eles acham que eu tenho quantos anos afinal!                                A campainha tocou.Fui até a porta batendo os pés.
-O que é? – perguntei raivosa ao abrir a porta, mas me arrependi eternamente ao ver quem era.
-Se quiser eu volto depois – disse Roy um pouco presunçoso.
-Desculpe – disse bem rápida – Meus pais me tiram do sério.
-Eu sei como é.Posso entrar?
-Claro claro. Desculpa, esqueci os bons modos.
-Claro que não, só está um pouco nervosa.

Ele era sempre tão gentil e tentava me ajudar mesmo nessas situações.

-Então, o que tem de importante?
-Como assim?
-Para vir a minha casa – disse enquanto me sentava no sofá.
-Um vizinho não pode visitar a vizinha mais.
-Ta bom, então obrigada pela visita, “visinho”.
Ele riu, seu sorriso era lindo, mostrava completamente seus dentes brancos, até a pontinha quebrada no seu dente de baixo, o que me encanta.
-Então, eu vou deixar a formalidade de lado.Até porque nós já nos beijamos, não somos mais estranhos.
Pude sentir meu sangue gelar quando ele disse isso.
-Então?
-Eu não sei, estava pensando em fazer alguma coisa – disse ele se sentando ao meu lado no sofá.
-Tipo, sair?
-Sair?Não, prefiro ficar aqui com você.
Ele se aproximou e colocou a mão na minha nuca, me puxou para ele e me beijou.Foi um beijo quente e molhado,me sentia presa a ela.Ficamos um bom tempo naquele beijo,até que ele se levantou.
-Porque não me mostra o seu quarto – sugeriu.
-Por quê?É só um quarto.
-Não, é o seu quarto. Eu quero ver – não pude resistir a ele sendo tão fofo assim.Ele estava com seu cabelo loiro bagunçado, o que o deixava bem mais atraente.
Entramos no meu quarto, Roy o olho do chão ao teto.Agora o menino mais lindo da escola, mais disputado da líderes de torcida, mais fofo, mais tudo, estava no meu quarto.
Me encostei na parede enquanto ele olhava os porta – retratos.
-Quem são? – ele  perguntou.
-Eu e meu irmão.
-Sério que é você?Nem parece, emagreceu.
-Eu era uma criança bem gordinha, mais deixa isso pra lá.
-Tudo bem então.
Ele veio em minha direção e me beijou mais uma vez.O que ele pensava, eu queria tanto saber.Será que estava me considerando sua namorada,isso ia ser ótimo.
            Fomos para sala.Sabia que minha família chegaria em breve, e meu pai me mataria se tivesse um garoto no meu quarto.
            -Porque não vai lá em casa, é logo ali na frente – ele riu.
            -Tudo bem, vou só colocar uma sandália.

Me sentei no sofá e tirei o tênis, peguei as minhas sandálias que estavam de baixo do sofá.Meus pais chegaram naquela hora.
-Chegamos – disse papai carregando as sacolas.
-Gente, esse é o nosso vizinho Roy Jones, ele veio nos fazer uma visita.
-Prazer – disse papai apertando a mão de Roy.
-Então eu vou saindo. E depois vou ao shopping, posso levar seu cartão?
-Pode – disse mamãe um pouco brava, acho que ele não permitiria se não tivesse visita bem a frente dela.

Atravessamos a rua, andamos duas casas e estávamos na casa dos avós de Roy.Entramos na casa, era um casa comum, e com todas aquelas coisas que tem em casas de avós.Subimos para o quarto de Roy, a parede das escadas estavam repletas de fotos deles e de Pri.Vi umas malas ao lado do quarto dele, mas não disse nada.
O quarto de Roy tinha pôster de futebol até o teto, ele era um ótimo jogador,E aposto que já tinha a vaga na faculdade garantida.
-É só um quarto – disse ele.
-Não é só um quarto, é o seu quarto – brinquei referente ao que ele tinha dito na minha casa.
Então nos beijamos mais uma vez,nos sentamos na cama dele.Que era bem macia.Os beijos ficavam cada vez mais quentes,eu estava pegando fogo,suas mãos desceram até meu braços,ele me puxava cada vez mais para si.Ele me puxou pela cintura, estávamos totalmente unidos, nunca me imaginariam assim com Roy, nunca.Sua mão descia da minha cintura.
-Chega – disse rápido.
-O que? – ele perguntou muito calmo, sabia que ele estava acostumado.
-Está indo muito rápido.
-Eu não disse nada – ele tornou a me beijar.
-Não sou as meninas que você saí, Roy.
Levantei-me e saí do quarto dele. Quando abri a porta da casa dele para sair, dei de cara com Pri. Desviei dela e continuei andando, fui para o shopping como tinha dito.


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