Capitulo dezesseis.
Estávamos sentadas no quarto, enquanto Jane organizava um
desfile de pijamas pela manha. Estava muito divertido até porque, a maioria
usava pijamas de manga comprida com bichinhos, fiquei me perguntando onde ela
havia arranjado aquelas coisas.
-E então, já decidiram que roupas vocês vão a festa? –Jane
fez todas as meninas correrem para suas malas.
Elas reviram e roupas voaram pelo quarto, a festa era em
menos de duas horas.E a brincadeira tinha feito todas elas esquecerem
completamente, Jane ajudou todas elas a se vestirem, e cada minuto que passava
eu me apaixonava pela profissão dela.
-E aí Val.Com que roupa vai? – ela se sentou na minha cama ao
meu lado.
-Não trouxe roupa para esse tipo de coisa – na verdade, eu
não tinha roupa para esse tipo de coisa.
-A me lembrei de uma coisa – gritou Sam, do outro lado do
quarto – Chegou de manha, mas você tava dormindo. Foi mal amiga esqueci.
Era um embrulho bem grande. Tinha uma carta – abri e li. Agora
você tem uma roupa para essa ocasião. Sabia que era do Jake.
-Que fofo – deixei escapar.
-Parece que alguém tem um admirador secreto – disse Jane.
-Não é secreto brinquei, e nem admirador. Só um amigo – abri
o pacote.Era um lindo vestido longo.
-Nossa – disse Jane –Esse é caro.
-Isso não importa. Mas lindo é sim – disse colocando o
vestido na frente do corpo.
-Coloca! – disse Jane e Sam e coro.
-Eu não sei, não combina comigo.
-Claro que combina Val.Você é tão linda, tem um cabelo lindo,
olhos lindos, para de se sentir um patinho feio – ela me empurrou para a porta do banheiro – Você é linda, e tem que
se ver assim também.
As palavras de Jane me fizeram mito bem, se ela que era tão
linda e inteligente me achava bonita, eu não diria ao contrario.
Saí do banheiro. Acho que ficou legal porque todo mundo parou
para me olhar, não gostei daquela sensação.
Era um vestido prata brilhante, ele era tomara que caia, e
descia até o chão era lindo, tinha uma abertura na perna, mas era muito ousado
para mim.
-Já que estamos todas prontas porque não vamos logo? – disse
Jane abrindo a porta do quarto.
A festa era ao ar livre, na parte aberta do hotel, a banda
tocava suavemente, isso antes da metálica entrar e fazer todo mundo se abrigar
longe das caixas de som, mas todos os jovens pulavam e dançavam. Jane
comemorava mesmo com seu longo vestido preto, que passava de seus pés, um
enorme decote destaca seu corpo, eu nunca teria coragem de usar uma roupa
daquelas.
Me encostei na mureta, fiquei de costas para o mar,
assistindo a banda.
-Gostou do vestido?
-Ola Jake – disse – Gostei sim.
-Que bom.
-Sabe que não precisava não é? –
disse.
-Claro que precisava.
-Minha amiga disse que foi caro.
-Dinheiro não importa Val.
Eu queria
poder dizer isso. E mesmo que minha vida financeira tivesse melhorado mil por
cento esse ano, ainda era longe do estilo de vida do Jake.
-Quer alguma coisa? – perguntou ele me mostrando a garrafa de
vinho em sua mão.
-Não bebo.
-Melhor assim.
Ficamos em silencio assistindo a banda. Estava muito
engraçado ver todo mundo com roupas tão formais se apertando e pulando m frente
ao palco, pude ouvir uns saltos quebrarem.
-E então. O que vai fazer amanha?
-Provavelmente nada, como sempre. Sou uma pessoa muito chata
sabe? – brinquei.
-Sei – ele riu.
-E sua irmã. Eu queria vê-la. Já que temos o mesmo nome sabe.
-Minha irmã não mora aqui. Ela se mudou para a França tem
dois anos, mora com meu pai e meu irmão mais novo.
-E você ficou aqui com sua mãe.
-É.Não queria deixá-la sozinha, mas a vida dela é esse hotel.
-É uma bela vida, disse.
-É, é sim – ele riu.
-Conhece alguma coisa
para fazer neste local? – perguntei.
-Cinema e parque.
-Ao parque já fui então, cinema. Que horas?
-Tem seções todas as cinco e onze e meia.
-Sério?Que horário maluco.
-Cinco para crianças e onze e meia para adultos.
-Podemos ir à das cinco – disse, ele riu – Não quero chegar
de madrugada e acordar todas as colegas de quarto.
-Claro.
-Então até amanha – disse me afastando, meus pés doíam no
salto, reparei que Jane já não estava mais ali, possivelmente já tinha ido
dormir.
-Até amanha – disse ele.
Chegando no quarto, não fiz barulho, estava tudo apagado,
olhei nas camas mas não vi ninguém dormindo.Pude ouvir uma voz exaltada, era Jane,
ela estava na varanda falando ao celular.Eu nunca a havia visto daquele jeito.
-Como assim não vai poder vir, você prometeu... mais amor.Não
eu não te entendo, não importa o motivo que tenha – ela gritou, mas logo voltou
a falar em um tom baixo – Me diga a verdade.Tem outra pessoa?Esse é o motivo
para não vir, esta com uma qualquer aí e não pode largar ela?É isso, me diga!
Ela andava de um lado para o outro e ouvia antipaticamente a
outra pessoa do outro lado da linha.
-Escola, amigos, família!Você coloca tudo antes de mim, até
suas amiguinhas. Isso não está certo – ela parou para ouvir mais uma vez – Não
vou ficar calma, me deve explicações. Tínhamos um encontro e você sumiu... Não
interessa se estava ocupado, e no nosso ultimo encontro você só ficou olhando
no relógio, não queria estar comigo eu sei...
Ela ficou muda e desligou o telefone.
-Jane –disse baixinho –Está tudo bem.
-Desculpe por ter que ouvir isso – sabe nem tudo em um
relacionamento é perfeito.
-Não se preocupe, ele é um idiota.Não sabe te dar valor.
-Obrigada, mas não sou tão perfeita assim queridinha – ela se
sentou na beirada da minha cama.
-É sim, e ninguém vai dizer o contraio certo? – ela riu e foi
para a cama dela.
-Val... – disse ela após um tempo – Obrigada.
-De nada.
*
Pela tarde não estava com vontade de ir a piscina, na verdade
só tinha algo em que eu conseguia pensar, no meu encontro com Jake.O almoço do
hotel foi delicioso, muito espaguete e molhos, nunca vi Sam comer tanto, depois
toda a nossa classe foi jogar no salão
de jogos, brincamos de mímica foi muito engraçado.
Só então percebi, trocar de escola só me fez bem.Me afastou
de tudo ruim que eu tinha vivido, todas as pessoas ruins e mesquinhas, estava
muito mais feliz agora.
-Não acredito que não tem nenhum filme em cartaz – disse
Jake, enquanto nós sentávamos na calçada do cinema que estava fechado.
-Não tem problema, acho que podemos ficar aqui na calçada.
Pode ser divertido – brinquei.
-Espera um segundo – ele se levantou e entrou na lojinha do
lado – fiquei curiosa pois era uma lojinha de brinquedos e fantasias, o que ele
tinha para fazer lá – Pronto – disse ele carregando algo nas mãos.
-O que é? – perguntei.
-Já que não vamos fazer nada, porque não jogamos uno – ele
pegou a caixinha do jogo e despejou as cartas.
Admito que a idéia parece idiota mas foi bem legal,eu ganhei
duas vezes e ele uma.Pela primeira vez tinha achado alguém pior no uno do que
eu.
-Não acredito que ganhou de novo – disse ele, guardando o jogo de novo na caixa.
-Poxa, eu queria jogar mais – brinquei.
-Ganhar mais você quis dizer.
-Talvez – ele riu, e se levantou novamente.
Jake estendeu a mão e me ajudou a levantar, fomos até a loja,
a mesma que ele havia comprado o jogo, havia muitas e muitas fantasias. Então
ele pegou uma e entrou no provador, uns minutos depois ele saiu vestindo roupas
de marinheiro. O que me fez rir muito, também peguei uma fantasia, entramos em
provadores um do lado do outro. E começamos a nos divertir.
A minha primeira fantasia foi de palhaça, a seguir por uma de
pirata, pintinho aparelhinho, princesa e terminei com uma roupa de coelho.
Caímos na gargalhada ao vermos que ridículos estávamos ao experimentar todas
aquelas roupas.
Deixamos a loja antes que fossemos expulsos, mas foi muito
divertido.
-Acho que valeu mesmo o cinema estando fechado.
-Claro que valeu – disse ele – Ver você vestida de pintinho
amarelinho vale bem mais que qualquer filme.
-A cala a boca, marinheiro – brinquei.
Voltamos para o hotel, Sam me esperava, então mal pude me
despedir.
-O que foi – perguntei para Sam que parecia agoniada.
-Seus pais ligaram, queriam falar com você urgente. Parecei
ser sério, tentei te avisar, mas não te achei em lugar algum.
Corri e peguei meu celular, disquei o numero tão rápido que
quase o errei por completo. O Telefone chamou,mas ninguém atendeu.Eu fiquei
muito nervosa e preocupada.
-É melhor eu ir embora – disse para Sam – tem u ponto de
ônibus por aqui?
-Val, é melhor você ficar. Não é seguro pegar um ônibus a
noite e...
-Sam, minha família é mais importante – falei aborrecida.
-Ok – ela olhou um livro de informações que o hotel tinha
dado –Não tem ônibus, só em quatro quilômetros.
-Não pode ser.
-Não conhece ninguém que tenha carro? – ela perguntou.
continua....
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