Aproveite o momento agora, porque amanha não o poderá viver novamente,
as pessoas que estão ao seu lado hoje, seus amigos, sua família, seus amores,
amanha não estarão mais, e tudo muda, tudo se renova, tudo se refaz.
O planeta forma uma nova volta, um novo ciclo, tudo se perde nas mudanças, e sobram apenas lembranças, de dias em que você sorriu e achou que fosse ser feliz para sempre.
O que te dava alegria vira choro, lagrimas, saudade, arrependimento.Até brigar faz falta, seu coração se esquece que tudo um dia foi alegria e se fecha, você passa a viver na sombra de algo que já foi, e começa inexplicavelmente uma inútil tentativa de reviver o já vivido :)
by: me
segunda-feira, 18 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
História, parte 1
Eu
corria, mais não podia ver nada. Estava ofegante, meu coração palpitava, eu
tinha medo, eu tinha muito medo.
O que
era aquilo?Um vulto?Um bicho?O que era aquilo?Pensei, estou com medo, que ódio,
porque sou tão medrosa. Eu
só queria ir para a luz, estar em um lugar seguro, com pessoas que eu conhecia.
Eu caí, tropecei em um buraco, não era um buraco, era uma poça de água, estava
chovendo?Como não percebi que a chuva ainda continuava a cair, estou mesmo
cansada para não perceber, ou será o medo?
-Sarah?Cadê você? Foi
tudo que eu consegui dizer, já havia tempo que tínhamos nos separado, já havia
tempo, onde ela estava, estava segura?Sarah, onde você está?Ela estava mais
calma?Já poderíamos conversar?
Ouvi
passos, alguém estava atrás de mim. Meu medo ficou ainda maior quando ouvi os
paços atingirem a poça que passei a poucos minutos.Me desesperei, comecei a
correr.Virei com toda velocidade que pude, as curvas daquele labirinto me
deixavam zonza, não podia ver onde eu ia, tive medo de entrar em um caminho sem
saída. Os
passos ainda me seguiam, o chão estava em declive, e eu exausta.E em um
instante fui com a lateral do rosto de encontro ao chão, minha bochecha queimou
com a batida inesperada, minha testa latejou ao encontrar um calço solto, eu
não consegui me erguer, havia torcido o pé.Eu estava morta agora. Senti
algo se aproximar, os passos paravam, deixei uma lagrima rolar, não queria
morrer.Mais não senti dor, fora a que já estava sentindo, não fui apunhalada ou
sabe Deus o que mais fariam.Não abri meu olhos.
-Britha
– ele me virou com força para si.Reconheci sua voz, mais não pude acreditar –
Britha, olha para mim, por favor.
Eu
estava assustada de mais para abrir meus olhos. Mais os abri, precisava,
precisava me sentir segura, precisava. Agarrei seu pescoço com meus braços,
chorei de soluçar, finalmente tinha alguém que podia me proteger, que podia se
colocar na minha frente.
-Tive
medo de ficar sozinha aqui para sempre, estou com medo, com muito medo. Quero
ir para casa – desabafei chorando.
-Está
tudo bem, estou aqui. Sarah não deve estar longe. Nós vamos embora Britha,
vamos embora – não pude evitar sorrir ao ouvir aquilo, queria tanto ir embora,
e ir embora com ele, seria melhor ainda.
Ele se
levantou e esticou a mão para mim, mais não pude nem me levantar, a dor tomou
conta do meu corpo. Porque não posso me levantar agora, porque eu não posso ir
embora com ele agora, por quê?Por quê?
-Não
consigo me levantar e Sarah está ferida.
-Precisamos
achar Sarah, precisamos acha-la Britha, antes de ir.
-Não
consigo me levantar – repito mais desesperada ainda.
Ele se
abaixou, seu rosto estava muito próximo, queria telo ali, para todo o sempre.
Ele piscou lentamente, respirou fundo. Tive medo que me achasse uma boba, por
ter tanto medo.
-Britha
– ele fez uma pausa, como se ao dizer meu nome houvesse gastado todo seu
fôlego. - Vou procurar Sarah e volto para...
-Não! –
gritei me ajeitando na grama áspera – Não!Não vai, não pode ir, não pode me
deixar sozinha.
-Deixe
me terminar, Britha...
-Não,
por favor, não! – insisti mais uma vez.
-Britha,
eu não posso deixar a Sarah nesse estado aqui, mesmo depois de tudo, ela está
machucada, não posso – senti meu coração queimar ao pensar que ele teria a
chance de ter Sarah novamente. Ela não deve estar muito longe, ela não é tão
ágil quanto você. Eu não vou demorar.
-Não me
deixa aqui, por favor – chorei mais um pouco. Ele me abraçou com muita força,
mais sabia que não havia mudado de ideia. Ele me encostou no canto da parede
afofada do labirinto, mais aquilo e nem nada que ele pudesse fazer me deixaria
segura.
-Eu vou
voltar para você, eu prometo Britha – sei que estava chorando a essa altura,
não suportei, não ao ouvir aquilo, já estava sensibilizada com tudo que estava
ocorrendo – Britha, olha para mim, Britha!
Olhei.
-Vai
ficar tudo bem, ninguém vai te machucar. Eu nunca vou deixar que lhe façam mal,
nunca.
Ele se
levantou, ele estava indo. Minha pequena chance de vida estava indo, me senti apagando
junto com o seu calor, junto com a sua presença.
-Ei –
consigo dizer antes que ele saísse de meu alcance, para sempre – Quando sairmos
daqui... vai dizer a ela, tem que dizer a ela.
-Direi
antes de sairmos, direi antes de te ver novamente. Não devia ter esperado
tanto, não vou esperar mais para te o que quero.
-Vou te
esperar então - falei forçando um sorriso, apesar da dor incondicional. Ele
concordou com a cabeça e se foi. Se foi para sempre, assim como Sarah, assim
como o resto de minhas forças, assim como minha memória, assim como o sentido
de viver.
Não
posso fazer tudo que quero, não nesse momento, por enquanto tudo que eu consigo,
ou o que pelo menos eu posso fazer é, assistir a TV.
Aquele
entediante, e azul, quarto de hospital me deixava sonolenta, e principalmente,
desesperada por diversão. Tentei alcançar o controle na mesinha ao lado da
cama, dura e de ferro, mais nunca tive braços longos. Tentei mais uma vez, meus
dedos tremiam ao exigir de mais deles, estava cansada, e tudo por causa de um
simples mover de mãos. Como odiava estar ali, como odiava estar ali!Pensei,
disse, gritei.
Dormi
mais uma vez. Acordei, dormi, acordei. Estava desesperada para sair daquele
lugar. Eu precisava de ar puro, queria sentir o calor do sol, o calor humano.
A
partir de hoje, disse para mim mesma, nunca mais entro em um quarto de cor azul.
Não suportava mais o tédio emitido pela aquela parede, roupas de camas. Nem me
lembro de quantos dias foram ao certo, mais estava realmente entediada, uma
semana, quatro dias?Eu não sei, perdi a conta após a primeira noite. Pego
meu caderninho de anotações, escondido por baixo de meu travesseiro, a única
coisa que me restava, a única coisa que me lembrava da vida fora daquele lugar.
Era um caderno novo, não havia nada escrito ainda, havia ganhado há alguns
dias. Peguei
a caneta, guardado por dentro, em seu forro de pano. Comecei, mais na segunda
pagina, uma mania que eu tenho, mais eu não tinha nada para escrever,
então apenas deixei minha mente voar
para longe dali, mais para onde eu pudesse voltar.
Quem
sabe para a liberdade, ou pelo menos para fora do quarto, ou para um lugar bem
longe, longe da cidade, longe do barulho, longe das pessoas ruins, longe de mim
mesma. Me peguei imaginando ser uma estrela, ou um pássaro, livre no céu.
Quando
vou estar longe disso tudo?Foi a única coisa que consegui pensar, e colocar na
folha, a única coisa que valia a pena gastar tinta. A maçaneta foi acionada,
senti meu coração palpitar, estava chegando minha primeira doze de adrenalina
do dia. Rapidamente juntei minhas forças para guardar o caderno debaixo do
travesseiro de novo, e com sorte, a enfermeira seria desastrada o bastante para
deixar cair outra caneta, e eu teria o resto do dia garantido, mesmo que não
escrevesse nada.
Ela
entrou no quarto, ela não olhava no meu rosto, aquilo me irritava, mais eu não
era de falar muito, pelo menos não com quem me ajudava a me manter na penumbra
da civilização.
Mais a
única pergunta que me faço é. Porque estou aqui?
-Senhorita
Robinson, o seu almoço – ela era sempre tão solicita comigo, aquilo me irritara
mais não mais do que a comida sem sal e com garfos de plástico revestidos de
silicone, mais porque todo esse “cuidado”. Ela se sentou no banquinho e me
assistiu encarar e engolir, devido à fome descomunal, a “comida” saudável, que
para mim era um martírio, mais ela parecia se divertir, tinha nojo dela, de
todo aquele lugar.
-Senhorita
Robinson?-ela quis ter certeza de que eu estava disposta a ouvir, ergui o olhar
para ela - Talvez goste da noticia, mais
o rapaz do outro dia veio visita-la, vai entrar assim que eu sair.
Eu não
consegui esconder meu sorriso, rever Ethan me trazia de volta a vida.Perdi a
fome, quase obriguei a enfermeira deixar o quarto imediatamente, mas me sentiria
mal, ela havia tido o bom senso de me avisar sobre a ilustra vizita.Ela se
levantou quando terminei, foi para porta, e fez um tipo de reverencia, a porta
se fechou após ele ter entrado.
-Ethan
– disse ao vê-lo, estava muito feliz – Que bom te ver.
-Todos
sempre acham bom me ver – se gabou, era o tipo de brincadeira que me irritara,
mais adorava ter sua presença, adorava ele.
-Mais
convencido a cada dia que passa?
-Sim, e
um pouco mais para você – ele riu, seu sorriso era lindo.
-Me diz
que me trouxe mais alguma coisa?Estou morrendo de tédio.
-Porque
eu deveria trazer? – ele me encarava com seus lindos olhos castanhos - Não está
sabendo?
-O que
eu deveria estar sabendo? – não conseguia desviar meu olhar de seus olhos.
-Você
vai embora, Britha. O médico te deu alta. Não precisa mais ficar aqui, pode ir
para casa.
-Como
assim?Como sabe disso? – como ele podia saber disso antes de mim?
-Seus
pais, eles estavam arrumando o seu quarto. Então deduzi, eles nem entraram lá
desde que...
-Não
sei se estou pronta para ir para casa.
-É
claro que está não diga besteira, sua vida não vai parar só por que...
-Porque,
eu não faço ideia de quem eu sou, do que aconteceu no ultimo ano?Ou porque
tentei me matar?
-Britha,
não fala assim.
-Sabe
que é verdade. Sabe o que eu estou passando, eu sinto, mais não posso nem ao
menos me lembrar, não faz ideia de como é se sentir assim, Ethan, não sabe como
dói – meus olhos já estavam repletos de lagrimas.
-Sei
que não entendo o que você esta passando,
mais isso não mudo o que sinto por você.
Aquelas palavras me amoleceram, ele me abraçou me sentia muito segura com
Ethan, eu podia confiar nele, para sempre.
O
médico entrou no quarto, eu havia dormindo um pouco desde a saída de Ethan, ele
preencheu um documento, e me entregou. Ele disse que meus pais me esperavam no
primeiro andar, e que eu devia ir que agora já estava pronta para voltar minha
vida. Mais o que ele podia saber sobre a minha vida?Nada.
Queria
quem Ethan estivesse ali, não estava pronta para enfrentar meus pais, não
estava pronta para voltar para casa. A verdade era que, por mais que eu odiasse
aquele “hospital”, eu odiava ainda mais ter que voltar, talvez aquele tempo que
passei longe devesse durar para sempre, eu não sabia como ser eu mesma de novo.
Entrei
no elevador, eu usava um vestido azul bebe, ele estava com os babados
arrancados, foi o vestido que eu usava quando fui internada, ele tinha sido
reconstituído, não sei porque ainda tiveram
o trabalho de fazer isso, por mim, ele estaria no fundo do saco de lixo.
-Bem
vinda de volta – disse meu pai me abraçando.
-Oi –
falei um pouco rouca, eu não tinha mais intimidade, e nem a segurança da minha
família.
-Oi –
respondeu minha mãe secamente. Ela arrancou o papel, que o médico me entregou,
de minha mão e o guardou no bolso do jeans – Está na hora de irmos.
Tentei
não chorar ao entrar no carro, e por todo o percurso, desde deixar a clinica
até voltar ao subúrbio e assim a cidade, era claro, eu teria que recomeçar,
desde minha família aos meus amigos, e pelo o que parece a única pessoa no
mundo que não me julgaria e continuaria a gostar de mim seria Ethan.
Chegando
em casa, estava tudo igual, a fachada, a garagem, a sala.Meu pai subiu e deixou
as malas no segundo andar, demorei um tempo respirando fundo na frente da
escada, eu tinha tantas lembranças e tantas perguntas, como, porque eu ainda estava viva?
Minha
mãe passou esbarrando em mim com muita força, o que me fez sair de casa e
sentar na grama do jardim, eu não aguentava a pressão. Eu estava chorado, não
podia evitar, eu era fraca, me sentia fraca, um pedaço de mim faltava.
Exatamente
a um ano e quatro dias atrás, eu Brithany Robinson, estava tão desesperada que
tentei me matar, mais eu não me importo com isso, a não ser pelo fato de eu nem
saber o motivo. Tudo que eu me lembro, foi acordei em um “hospital” dois meses
depois. Minha memória em relação aquele ano tinha sido totalmente apagada, eu
estava vazia.
Ninguém
nunca me contou como fiz para tentar me matar, mais fui descobrindo por mim
mesma. Pelas marcas no meu corpo, primeiramente, e roubando relatórios médicos,
quando eu conseguia levantar da cama.
E tudo
que eu descobri foi que eu me tranquei no banheiro com uma faca, e fui me
cortando, até não conseguir ficar em pé, então eu caí no chão e bati a cabeça,
tenho uma cicatriz que confere a história, e enfiei a faca na minha barriga. Mas
eu não me lembro, nem da dor, e nem de causa-la, não me lembro de nada. Posso
parecer muita fria falando isso, mais para mim, é como se nada disso tivesse
acontecido, e tantas vezes desejo apenas ter morrido, para não passar por tudo
isso, para não sentir mais dor.
Um
carro parou na casa de frente para a nossa, de dentro dele saiu um homem, ele
tinha estatura mediana, e usava uma camisa branca, era forte, e tinha cabelos
negros, e olhos azuis bem acessos. Ele se chama Peter, éramos vizinhos desde
que eu me lembro por gente, o namorado da minha irmã Sarah. Eles estavam juntos
há uns anos, três para ser mais exata, contando com o um ano que eu estava
afastada e o ano que foi deletado de minha vida.
Sarah
tinha adoração por Peter, ele era um menino divertido, me lembro de rir muito
com ele, de passear com ele e Sarah, eu confiava no Peter. Ele me viu do outro
lado da rua, eu sorri para ele, apesar de estar assustada e triste, mais ele
não retribuiu o sorriso, apenas me olhou fixamente com seus olhos azuis, como
se não acreditasse que eu estava ali, mais não o julgo, eu também não
acreditava estar ali. Queria
poder dizer um oi e abraça-lo, eu me lembrava de muitos momentos com ele, mais
eu não tive coragem, não depois que ele me olhou daquela maneira.
Entrei
dentro de casa, Sarah, eu havia me lembrado dela, como pude esquecer de
perguntar por ela, eu amava Sarah, minha Irma gêmea, como jamais amei
ninguém.Eu confiava tudo que podia na Sarah, e ela retribuía, sempre
completamos uma a outra, não lembro de ela ter me visitado no hospital, mais
ela devia estar sofrendo, assim como eu sofri, passando todo esse tempo longe
dela.
-Sarah!
– gritei ao entrar em casa – Sarah!Onde você está?Sarah, esta me ouvindo? –
andei um pouco pela casa, pelo primeiro andar , fui nos fundos, e a área da piscina – Sarah?Irmã, onde você
está?Está brincando de se esconder?
Voltei
para dentro de casa, fui andando cautelosamente pela sala, Sarah podia estar me
pregando uma peça, ela adorava me assustar, sabia que eu era medrosa, mais
fazer Sarah rir me deixava feliz, então nunca me importei.
-Não
vai pular em cima de mim quando eu te achar, certo? – olhei atrás da cortina –
Anda Sarah, não vou procurar a casa inteira porque você não aparece logo,
Sarah?
Mas der
repente cai no chão, uma dor descomunal tomou conta do meu rosto, ele latejava
e queimava. Tentei me erguer mais só consegui me virar no chão, até ficar de
barriga para cima. E lá estava minha mãe, com uma bandeja na mão, uma xícara de
porcelana espatifada no chão, o liquido quente estava sobre mim, sobre meu
corpo, sobre o carpete, e meu sangue descia da testa. Minha mãe havia me acertado com uma bandeja, mais porque?
Meu pai
desceu correndo do segundo andar, ele segurou meu braço e colocou de pé.Eu não
consegui dizer nada a ninguém, não consegui acreditar no que via, meu coração
palpitava, minha cabeça doía, eu olhava assustada para eles, uma lagrima
dolorida correu pelo meu rosto, meus olhos deviam estar incrivelmente verdes,
como ficam quando choro, a dor de um pedaço de porcelana cravado em minha testa
me paralisou, o arranquei sem piedade de mim mesma, porque minha mãe havia
feito aquilo?
-Não
devia ter feito isso Lucia!Não devia!Lucia, você está me ouvindo?
-Ela é
uma praga, deve morrer. Deve morrer! – gritou, ela transbordava ódio, ódio de
mim, que a amava, ódio da própria filha.
-O que
está acontecendo – choraminguei – Mamãe, porque você fez isso?
-Não me
chame de mãe!Não me chame de mãe!Você não é minha filha, não sou mãe de uma
assassina.
-Mamãe
– me aproximei dela, eu tinha pena dela, e de mim, porque ela estava falando
assim comigo, estava louca? -Mamãe, o
que esta havendo? – toquei em seu braço.
-Não me
toque, sua vadia – ela me acertou de novo no rosto, mais dessa vez com sua mão
– Não me toque, não me toque! - Ela berrava desesperadamente.
Comecei
a chorar, porque ela estava falando assim comigo?Me chamando de um nome tão
forte para uma garota que nunca havia beijado alguém, e muito menos feito algo
de errado, a não ser tentar me matar.
-Mamãe,
por favor... –chorei mais.
-Não me
chame de mãe, não me toque, vá embora!Vá embora!
-Pare...
–disse chorando e soluçando, a dor das palavras dela superava a do corte.
-Sua
vadia, devia ter morrido,morrido. Nem Deus te quis no céu, porque acha que
vamos te querer aqui.
-Pare, por
favor, mamãe, eu te amo.
-Não!Não!
– ela berrou, parecia possuída, pela raiva que fervia seu sangue, ela quebrou
tudo que estava em seu alcance, de jarros a copos, e porta retratos.
-Pare,
pare – era só o que conseguia dizer, meus olhos molhados, minha cabeça
sangrando e doendo, eu tremia de medo, porque minha mãe estava me tratando assim.
Mamãe por favor, pare, é só o que eu quero, mas eu não conseguia ficar calma, e
chorava cada vez mais, estava desesperada.
Papai
tentava segurar ela, mais era inútil, ela berrava, e atirava coisas no chão e
em mim. O barulho das coisas quebrando me assustava, meu cérebro estava
descontrolado, eu estava chorando muito, estava com medo, quero ir embora,
quero morrer, porque não me deixam ao menos decidir isso?Sarah me ajuda,
apareça me abrase, me acalme, me ame Sarah, cadê você?
Apenas
saí de casa correndo, não podia suportar essa dor, aquela guerra não me
pertencia, aquela raiva não era para mim, não podia ser.Corri desenfreada pelo
jardim, e pulei a cerca como se fugisse da policia, mais era pior ainda, eu
fugia da minha família, de mim mesma, ou de quem um dia eu fui.Mais não fui
muito longe, ou talvez tenha ido.
Odiava
tanto acordar no outro dia sem saber o que havia me ocorrido, isso acontecia
com muita freqüência, mais do que eu possa lembrar, eu havia dado um jeito de
deixar danos permanentes no meu cérebro, tal como o ano apagado de minha vida,
mais como o “poder” de apagar, sumir, desmaiar quando meu coração não pudesse
suportar a verdade, odeio der fraca, odeio fugir, mais não sei enfrentar, não
sou como Sarah, não sou a Sarah!
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