Capitulo três
E-S-C-O-L-A, seis letras que juntas aterrorizam qualquer adolescente,
algo criado para passar costumes e implantar informações a força na nossa cabeça,
lugar onde temos uma cadeia alimentar, onde aluno sobrevive à base de aluno,
lugar para se relacionar, brigar, fugir. Mas se você tiver dezesseis anos como
eu, deve estar mais familiarizado com o nome PRISÃO!
Acordei com o pé esquerdo aquela manha, mas era sempre assim
no primeiro dia de aula desde sempre. A minha calça jeans agarrou quando fui
tirar de dentro da maquina de lavar, e acabou rasgando um pedaço,desfilei pela
casa amanha inteira de calça de pijama em busca de uma roupa para ir a
escola.Em fim acabei de saia jeans, foi um presente que Bem me deu ano passado
de aniversario,na verdade foi uma pegadinha,aquela saia era super curta – bem a
cara da Priscila – a única coisa que combinava comigo era o jeans desfiado
dela, meu “querido irmão” me deu só porque sabia que eu nunca usaria, eu nunca
usava saia.
Estava pronta para a escola, saia jeans, uma blusa branca básica,
e um casaco azul claro e meu querido All Star preto. Meu cabelo preto estava
basicamente como sempre, de lado e solto, sempre odiei prender coisas ao meu cabelo,
me deixavam com cara de criança.
-Mãe, cadê o café? – perguntei enquanto encaixava o tênis no
pé.
-Eu já que você ia fazer – gritou mamãe que provavelmente
ainda estava na cama.
-Droga – resmunguei colocando a água para esquentar.
-Não acredito – disse Bem rindo, e abrindo o armário da
cozinha.
-Eu sei fazer café, só não gosto.
-Não é isso, é a saia. Nunca achei que você fosse usar.
-Idiota – coloquei o café na xícara e tomei em um gole, senti
minha garganta toda queimar.
-É melhor você adiantar, eu to saindo agora e papai já foi
pra oficina.
-Ele já foi para oficina?Agente vai ter que ir a pé? – bati a
xícara de café com tanta força na mesa que quase quebrou.
-Agente não, eu vou de Bike,
você vai a pé.
Acho que somos a única família da cidade que só tem uma
bicicleta na garagem.
-Mas pra eu chegar a tempo na escola
eu vou ter que sair agora.
-Então é melhor se apresar – como um irmão pode ser tão mal
correu até a garagem, ele já havia pegado as chaves da tranca da bicicleta, eu
ia ter que correr. Fui correndo para o ponto de ônibus no outro bairro, olhei
no relógio, nada de ônibus. Resolvi correr, só um pequeno problema, eu odiava
ter que correr.
Uns vinte minutos de corrida e muita dor na perna me levaram
a escola, o sinal bateu quando passei pela porta principal. Corri para meu
armário, os corredores ainda estavam cheios, me senti aliviada por isso.
Infelizmente descobri logo o sortudo que teria o armário ao
lado do meu. Ou devo chamar de sortuda.
-Tanto armário na escola, e o meu é logo do lado da Emma Fox,
uma nativa que provavelmente nem conhece escova de cabelo.
-Priscila... – foi a única coisa que eu consegui dizer.
Nem me importei por ter zombado do meu cabelo, eu vim
correndo podia dizer, mas ainda estava em choque. Porque passaria o resto do
meu segundo ano dividido o corredor com a Pri.
Ela usava uma saia branca e um suéter rosa – ridículo- um
broche de flor cor prata preso ao suéter, seu cabelo estava preso em um coque,
como as noivas costumam usar. Eu não sei vocês mais, ela sabe que está em uma
escola, não sabe?
-Porque não troca de armário – disse ela enquanto passava seu
brilho rosa Pink.
-Porque eu tenho coisa melhor para fazer – bati o armário com
força e saí de perto dela. Esse ano ela não iria me humilhar como fazia todo
ano.
Placar Emma um, Pri zero. Encontrei Lucy logo no outro
corredor, ela pegava um de seus livros em seu armário SUPER ENFEITADO, apenas
ri ao olhar para ele. A primeira aula foi de matemática, minha matéria favorita
– não me julguem por isso – basicamente nós fizemos apresentações nas aulas,
como é todos os anos, e era o que provavelmente faríamos em todas as aulas. Ao
fim da terceira aula a professora Lucélia Reis, de português nos passou um
trabalho para conhecer melhor nossos novos colegas,eu e Lucy sentamos juntas, o
que não deixou a professora feliz,mas não havia colegas novos o
suficiente,fazendo restar a alta e magra Val,que se juntou com a professora.
O sinal de recreio bateu, todos os meninos gorilas voaram
para o refeitório, Pri e sua turminha deixaram a sala fofocando, provavelmente
sobre meninos.
-Emma, acho que vai ter que lanchar sozinha – disse Lucy
pegando a bolsa.
-O que?Por quê?
-Minha mãe me ligou, disse que a vovó está no hospital, de
novo, e dessa vez é muito grave.
-Todas às vezes ela diz que é grave, e normalmente é só uma
gripe.
-Eu sei, mas prefiro ir lá. Desculpe.
Lucy ia ter que implorar para eu perdoá-la, me abandonar no
primeiro dia de aula, isso é a pior coisa que uma amiga pode fazer.
Peguei a chave do meu armário na
minha bolsa, precisa guardar o projeto de português na escola, precisaríamos
dele amanha e eu não iria correr o risco de deixá-lo em casa.
Fui para o refeitório, não estava
com fome, e Lucy ter ido embora estragou o meu dia. Saí pela porta dos fundos
da minha escola, talvez um ou outro dessem falta, mas eu só queria ir para
casa.
-Chegou cedo filha – mamãe estava
capinando a entrada da casa.
-Um pouco, nossa sala foi liberada
cedo, o professor de Educação Física passou mal.
-Que pena, tomara que melhore.
Minha mãe, ela sempre acreditava em tudo no que eu falava o
que me ajudava bastante, principalmente nessas ocasiões.
Entrei em casa, papai ainda estava no trabalho, fui para o
quarto e me deitei.Acordei as oito da noite, muito tarde.Provavelmente Bem
tentaria descobrir porque cheguei em casa mais cedo, e dizer para ele que o
professor passou mal seria o meu fim, então tentei evitá-lo no jantar, na
sala.Me escondi no quintal até ele ir dormir.
Minhas pernas estavam dormentes de tanto ficar agachada entre
os arbustos, fui para a rede da varanda com um pacote de biscoitos de chocolate.
Sem sono e nada para fazer, amanhã seria um péssimo dia de aula.
Quando dormi eram quatro da manha,levantei com meu celular
tocando,faltavam uma hora para a escola.
-Alo – disse com voz de sono.
-Está acordada?
-Agora estou.
-Minha vó saiu do hospital, vamos ficar em casa cuidando
dela.
-Não vai para a escola, de novo?
-Desculpa Emma, mas amanha vou, prometo.
-Não prometa – desliguei o telefone, estava totalmente indisposta.
Fui até o meu quarto, a saia estava em cima da cômoda, teria
que usá-la até comprar outra calça, o que devia acontecer nesse fim de semana,
eu coloquei uma blusa azul marinho de alçinha, beleza agora estava parecendo
uma líder de torcida idiota, mas eu não tinha escolha,penteei o cabelo.
-Acordada logo cedo?
-Não perturba Bem, não to pra gracinhas hoje. E só pra sua
informarão já está na hora de acordar.
-Já vou, já vou – resmungou com a cabeça no travesseiro.
-E eu vou de Bike hoje.
- Não, a bike é
minha. E alem do mais se você for de bike,
como eu vou?
-Eu não sei, mas você tem cinqüenta minutos para descobrir.
Deixar Bem irritado me serviu como um café bem quente me
despertou e me deu energia. Peguei uma barra de cereal na gaveta da cozinha e comi
bem rápido, não iria deixar Bem tomar minha frente e levar a Bike.
Cheguei à escola quinze minutos mais cedo, finalmente pude
respirar com calma. Abri meu armário e peguei o trabalho que a professora
Lucélia passou ontem, joguei minha agenda lá dentro, e sorri. Se chegasse mais
cedo todos os dias, não iria ter que aturar a Priscila na entrada.
Demorou um cinco minutos para a escola se encher de babacas,
futuros gênios, atletas e outros. Eu normalmente me encaixo na categoria outros.
Sentei-me na mureta perto do corredor dos armários, todos os
alunos passavam por lá, mas em geral não ficavam o que se tornava meu lugar
favorito, longe da Pri e do resto do mundo.
Olhei para a arvore que se posicionava ao lado da mureta que
eu estava sentada, ela era grande, mas não muito. Estava repleto de maças
vermelhas, o que me deu uma baita fome, e vontade de comê-las, parece que as
barrinhas de cereal não alimentam tanto quanto dizem.
Levantei-me sobre a mureta, alguma pessoas olharam, mas não
me importei , eram poucos, melhor tentar agora que depois quando todos
estivessem ali. Mas como eu tenho algo para atrair problemas, Pri veio atraída
pela imensa oportunidade de me derrubar.
-Agora virou macaca? – eu já estava pendurada no galho, não
demorei muito para estar completamente na arvore.
-Cai fora – finalmente estava próxima a maça.
-Eu fico onde eu quiser, apesar de estar perto de você não me
agradar nem um pouco.
-Sério? Não é o que parece – peguei a maça e refiz meu
caminho, me desequilibrei e quase caí do galho, mas me mantive firme e pulei no
muro, não iria cair não na frente dela.
-Parece que a macaca não é tão boa nisso não é, uuuh aaah,
macaca – não me agüentei ao ver ela ali toda engomada em pé do lado do muro, parti
para cima dela.
-Saí de cima de mim sua, sua selvagem – eu não tinha
experiência com brigas, e pelo o que reparei nem ela, mas eu tinha a vantagem, finalmente
minhas brigas com o Bem serviram para alguma coisa.
Mas em meio de um minuto a escola inteira se reuniu a nossa
volta,ainda bem que eu estava em cima da Pri,e não ela em cima de mim,não
queria ser quem estava apanhando.
-Briga, briga, briga – todo mundo gritava, senti uma das
unhas da Priscila perfurar o meu braço.
Não demorou muito para a diretora aparecer, todos se afastaram,
a diretora estava acompanhada pelo treinador Brad, nosso professor de educação
física desde o primário.
Naquele momento eu devia estar fora de controle, pois foi
preciso a diretora e o treinador para me tirarem de cima da Pri.Meia hora
depois a escola havia voltado ao normal, todos o alunos estavam em suas aulas, exceto
eu e Pri que estávamos na diretoria ouvindo sermão,mas tenho que admitir nada
tiraria a minha vitória.
-Nossa escola é um lugar de respeito,uma briga de meninos já
e feio,imagine duas garotas desse nível , se esmurrando em um de nossos
corredores, é imperdoável.Agora vocês vão me explicar, e muito bem explicado
tudo o que aconteceu.
-Foi ela – atirou Pri.
-Tem sempre que jogar a culpa nos outros não é? – retruquei.
-Meninas.
-Diretora Mery – se levantou Pri – Vou te dizer o que
aconteceu.Essa macaca aí avançou em mim e me bateu, sem mais nem menos.
-Sente se Priscila,e não chame a senhorita Emma de macaca,
vocês devem ao menos o respeito uma a outra.
-Respeito?Ela me bateu!
-Emma,você que partiu para cima dela?
-Sim.
-Priscila pode ir,mas não pense que nossa conversa acabou.
-Preciso de uma permissão para a enfermaria – diretora Mery
assinou um cartão amarelo e Pri saiu da sala, ela estava com o nariz sangrando,
o que me deu um sorriso no rosto pelo o resto do dia.
-Emma, o que aconteceu. Suas notas são tão boas, tem um
histórico invejável, nunca se meteu em nenhum tipo de confusão. E esse ano na
primeira semana de aula, quebra o nariz de uma garota e arruma uma tremenda
bagunça na minha escola, e essa saia é curta demais para a escola.
-Diretora Mery – fiz uma pausa, sabia que ela não me
entenderia – Priscila sempre pega no meu pé, me humilha na frente de todo
mundo, me irrita, apronta pro meu lado, rouba minhas roupas no vestiário,
atrapalha meus encontros, conta mentiras sobre mim e me chama de nativa,
macaca. Zomba das minhas roupas, me provoca. Eu sempre agüento tudo calada, mas
esse ano eu prometi para mim mesma que ela não vai pisar em mim, mesmo que eu
tenha que quebrar o nariz dela.
-Senhorita Emma, apesar de parecer ter motivo, e estar
irritada, brigar não é a solução. Se a conversa não resolve o caso com a
senhorita Priscila, porque não tentam a distancia?
-Eu tento diretora, eu tento. Mas ela sempre está em toda
parte, no mesmo bairro, na mesma praia, na mesma escola, com o armário ao lado
do meu. Ela sempre está por perto, eu não suporto isso.
-Normalmente quando há esse tipo de desavenças entre alunos,
eu os castigo com uma hora diária um com o outro, para resolverem suas
diferenças...
-Por favor, não me faça ficar com ela, por favor.
-Mas como isso pode não dar certo, e pode acabar trazendo
mais problemas. Só vou lhe dar um pequeno castigo, e para a Priscila também.
-O que vai ser? –me levantei da cadeira.
-Pode trabalhar na secretaria a tarde, separar ficha,
organizar histórico, por duas semana. Nossa secretaria está de licença, vai ser
bem útil.
Fiz que sim com a cabeça e saí da sala, agora eu tinha uma
vaga garantida como secretaria escolar. Quando cheguei em casa, fui até a
cozinha,mamãe, papai e Bem estavam lá,eu já sabia o que viria pela frente.
-Emma querida, senta estamos esperando você para o jantar.
-Jantar?Só para isso? – eu sabia que estava dando sopa, não
evitei ficar nervosa.
-Claro, porque mais? –papai não parecia saber de nada.
-Eu não estou com fome, vou para o quarto.
-Filha espera, temos que falar com você, com vocês na
verdade.
-Senta logo Emma, quero comer – Bem puxou uma cadeira, me
sentei. Agora sabia que a diretora havia ligado.
-É algo muito sério, mas temos que dizer a vocês ainda essa
semana – começou mamãe.
-Então não tem nada a ver comigo e a escola não? – deixei
escapar.
-Claro que não filha – disse papai, super calmo – Você é uma
ótima aluna.
-É, sou – me gabei.
-Desembucha – disse Bem, fazendo o prato, ele estava mesmo
com fome.
-Vamos nos mudar – disseram os dois ao mesmo tempo, com um
sorriso de ponta a ponta.
-Mudar? – perguntou Bem com uma porção de batatas na boca.
-Para onde.
-Colina, é uma casa mais antiga. Mas não é velha não se preocupem,
é maior, mas perto do centro, escola, supermercado, praia...
-E da Lucy – comemorei.
-Maior? –Bem se empolgou, tanto que até esqueceu a comida.
-Sim, e vocês vão ter um quarto para cada um.
-Sério?Meu Deus do céu! – comemorei me levantando da mesa,
Bem também fez os mesmo, nos abraçamos e começamos a pular na cozinha, era um
sonho realizado, para nós dois.
-Depois dessa eu topo tudo, até vou para cama sem jantar se
quiserem.
-Me contem mais sobre a mudança – até esqueci a Pri e o
castigo durante aquela noite.
-Têm quatro quartos, um escritório, cozinha, sala de jantar,
garagem, três banheiros, um jardim, e estão instalando uma pequena piscina na
parte dos fundos e tem dois andares, fora o porão.
-Sério?Um quarto para cada, escritório, três banheiros e
piscina?É um sonho! – Bem havia tirado as palavras da minha boca.
-Como?Não tínhamos dinheiro para isso.
-Na verdade nós tínhamos, e temos um pouco mais ainda na
verdade – disse papai com a voz baixa.
-Tínhamos? – gritou Bem.
-E porque vivemos assim, economizando, poupando nos privando
de tudo? – qualquer um sabia que tínhamos uma vida regrada, e de uma hora para
outra, papai vem e fala que sempre tivemos dinheiro sobrando?Como?
-Por isso sempre poupamos, economizamos, vivemos com uma vida
regrada, para termos dinheiro para isso.
-Quando nos mudamos? – era a única coisa que eu realmente
queria saber.
-Semana que vem na sexta o caminhão vem buscar os móveis,
empacotamos os pertences no sábado, no domingo levamos tudo no carro, e segunda
começamos a arrumar tudo.
-Não vejo a hora de chegar a segunda – Bem voltou a colocar o
prato e eu fui para o quarto.
Capitulo quatro
A verdade é
que eu sempre quis morar numa casa de dois andares, sempre que eu ia à casa da
Lucy ficava imaginando como seria morar lá.
E a mamãe
ainda deixou um banheiro só para mim, o que era maravilhoso. Mas nada superou o
meu próprio quarto.
-E como se não bastasse tudo isso, mamãe vai nos levar ao shopping
para comprar coisas para decorar nossos quartos, banheiros e vamos comprar uma
TV nova para sala, e outra para mim e para o Bem, e computador, mais de um.
-Nossa que maravilha amiga, seus pais foram muito espertos
juntando todo esse tempo. Se não fosse eu, as pessoas achariam que você é muito
rica.
-Finalmente vou ter meu próprio quarto, você vai poder dormir
lá em casa mais vezes, e vamos poder conversar a vontade.
-Vai ser muito bom.
Quando entramos na escola, todos me olhavam e comentavam.
Alguns levantaram a mão para que eu pudesse bater, tinha virado uma
celebridade, mas é claro que havia os seguidores da Pri que me encararam com
uma cara de morte, que até pensei duas vezes em ir para escola naquele
mês.
-Porque está todo mundo olhando para você?E porque Nick
Jordam te cumprimentou na entrada?
-Eu fiquei tão empolgada com a casa nova que nem te falei.
-Falar, falar o que?
-E aí Emma, a escola inteira está falando, você já soube que
a Pri não vai vir o resto da semana, parece que ela teve que levar uns pontos –
disse Lila Evans, uma menina do terceiro ano.
-Pontos? –do que ela esta falando.
-Não está sabendo?A Emma arrebentou a Priscila Norman bem na
frente da escola inteira, ela levou seis pontos no nariz.
-Sério ? – Acho que Lucy ficou mais feliz que eu com isso
tudo.
-É,não foi exatamente assim,mas...
-Claro que foi – disse Lila – A escola inteira viu. E aí
pegou um castigo muito pesado.
-Aceito qualquer castigo, mas quebrar ela foi a melhor coisa
que já fiz na minha vida.
Eu e Lucy nos despedimos de Lila e fomos para a
aula,recebemos a noticia que teríamos uma prova de matemática amanha,ficamos
todos assustados afinal estávamos na primeira semana de aula. Mas o professor
disse que era para ver se ainda lembrávamos alguma coisa do ano passado, então
não ia valer ponto. Sendo assim acredito que ninguém vai estudar então não
sereia a única.
Na hora da saída ainda recebi uns cinco parabéns, o que
deixou Lucy tão feliz que ela me convidou para ir a casa dela comemorar, mas a
minha alegria terminou quando lembrei que teria que ficar a tarde trabalhando
de secretaria na escola.
Fui até a secretaria da escola, a
secretaria me mostrou tudo antes de abandonar o seu posto essa semana, parece
que eles falavam sério com trabalhar. Mas como eu sempre fui uma boa aluna,
parece que a diretora me confiou aquele cargo.
Comecei arrumando a papelada, uma
menina chamada Hanna havia se matriculado ontem, e iria cursar o terceiro ano.
Tinha documentos de contrato com os cozinheiros do refeitório e tudo mais. Me
sentei na cadeira, queria por os pés na mesa, mas estava de saia, a maldita
saia que Bem havia me dado, mas que admito, estava quebrando o maior galho. Fui
até a maquina de chocolate quente, e era livre, tinha descoberto a melhor parte
deste castigo. Voltei
para a cadeira e abri a ficha de alunos, me diverti um bocado lendo sobre todo
mundo, talvez esse castigo me divirta um pouco. O
sininho da porta vibrou, alguém havia entrado na sala, mas não me preocupei em
ver quem era basicamente nenhum atendente fazia isso, então incorporei o papel.
-Marquei uma hora ontem – era uma
voz masculina – Vim fazer uma matricula.
-Em nome de quem? – perguntei entre
um gole de chocolate, sem tirar o rosto das fichas cômicas dos alunos.
-Adan James Price.
No começo só me pareceu um nome
conhecido, mas logo me lembrei Adam, o riquinho filho do dono do supermercado.
-Adam? – disse abaixando as fichas,
revelando meu rosto.
-Então a garota da massa de bolo tem
um emprego.
-Emma. E não é meu emprego, é só um
castigo escolar – guardei as fichas na gaveta.
-Castigo, tem casa de ser
comportada, mas parece que a recíproca é verdadeira.
-Que recíproca? – lembrei de tirar
os pés da mesa, afinal estava de saia.
-As quietinhas são as piores – ele
deu um sorriso debochado – O que fez para estar de castigo, mocinha?
-Quebrei o nariz de uma patricinha
idiota.
-Rebelde, gosto de rebeldes – se
Adam estava tentando me tirar do sério, ele estava conseguindo.
-Então Adan James Price, para que
ano veio se matricular?
-Segundo ano, a outra secretaria
disse que tinha vaga na turma C.
-Logo na turma C.
-Por quê?É a sua? – ele riu.
-É.Pelo que ta escrito aqui é a
única que não ta lotada – vi escrito na ficha das turmas.
-Veja pelo lado positivo, menina da
massa de bolo, vou conhecer alguém no meu primeiro dia.
-É Emma.E eu prefiro que finja que
não me conhece.
- Não vai querer isso, eu sempre sou
muito popular, as pessoas sempre querem me conhecer.
-Claro que sim – disse irônica.
-Pode
adiantar a papelada, preciso assinar logo.
-James, James, James. A papelada tem
que ser impressa, pode voltar amanha para assinar.
-Fala sério menina da massa de bolo,
adianta aí para mim. Preciso resolver isso hoje.
-Porque, o papai vai brigar com
você? – falei como se estivesse brincando com um bebê, seguido por um biquinho
debochado, Bem odiava quando eu fazia isso.
-Emma, não estou brincando, pode
imprimir isso logo.
-Estou falando sério James, a
secretaria foi clara quando me passou o cargo, tem que dar a entrada em um dia
e preencher no outro.
-Para de me chamar de James, odeio
esse nome. E você vai fazer o favor de imprimir para mim o formulário, agora.
-Por que acha que eu vou fazer isso?
– me sentei na bancada toda convencida.
continua...
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