segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

História parte 16


-Não – me sentei na cama, eu já estava desesperada. Então pensei em ligar para o Adam. Sei que era abusar pedir para ele vir aqui, mas eu estava nervosa de mais. Disquei o numero dele.
-Atende,atende,atende! – implorei.
-Alo?
-Adam – falei, estava aliviada em ouvir a voz dele.
-Emma?
-Preciso de um favor.
-O que eu falei sobre os favores Emma – ele falou com um tom irônico.
-É serio Adam.
-O que foi? – ele estava sério, deve ter percebido o tom de desespero na minha voz.
-Aconteceu alguma coisa com a minha família, eles me ligaram.
-O que aconteceu?
-Eu não sei. Preciso que me leve até eles, por favor – eu estava andando de um lado para o outro.
-Onde você esta? – ele parecia agitado.
-Na viagem da escola, o hotel que a Sam escolheu ...
-Chego em uma hora... –ele desligou.

Não sei como Adam ia fazer para chegar em uma hora, tínhamos demorado três para vir, mas eu não questionei.Apenas troquei de roupa e desci para a entrada do hotel,Sam cuidaria da minha bagagem, eu estava nervosa de mais para pensar em roupas.
Fiquei andando de um lado para o outro, atravessei a rua umas quinhentas vezes, tentei me comunicar com minha família de novo, mas nada. Eu estava ficando cada vez mais preocupada.
Uma luz se aproximou, estava escuro de mais, mais percebi que não era um carro.Era uma moto.
Adam tirou o capacete.
-Sobe – disse me entregando um capacete.
Subi, apesar de ter pavor de moto, mas estava tão nervosa com as circunstâncias, e sei que estando com Adam nada de mal me aconteceria.
A estrada estava calma, a velocidade da moto era imensa, o vento estava cortante e estava muito frio. Pude reconhecer minha rua quando paramos, saltei da moto na mesma hora que parou, Adam fez o mesmo. Corremos para a entrada da minha casa, toquei a campinha.
Ninguém atendeu, bati na porta e gritei por eles, mas ninguém respondia.
-Não está dando certo – disse Adam.
-Pai!Mãe!Bem – continuei gritando.
-Emma! – gritou Adam – Não está funcionando!
Ele me afastou da porta, saiu correndo Oe a chutou. A porta estremeceu, ele fez o mesmo, de novo e mais uma vez. A porta se abriu, e bateu com força contra a parede. Entrei correndo, a casa estava uma bagunça, coisas espalhadas pelo chão, o jarro de plantas quebrado, e na parede uma mensagem.
-Olho por olho, dente por dente.
-Priscila – disse com voz de choro.
-O que? – perguntou Adam.
-Ela me disse isso – me senti no chão, já estava chorando.
-Ela não faria isso Emma, é só uma adolescente idiota, não te faria mal – ele estava seguro. Adam se sentou no chão de frente para mim.
-Onde está minha família Adam? –perguntei desesperada – Onde estão?O que ouve com eles, eu preciso saber! – gritei, eu estava chorando.
Corri para o meu quarto, estava todo revirado.Me joguei na cama e  comecei a chorar, não podia suportar e muito menos entender o que estava acontecendo.Meu rosto estava todo molhado, e em poucos minutos meu travesseiro também.
-Emma... – disse Adam ao entrar no meu quarto, ele ditou na minha cama de frente para mim, mas não queria que ele me visse assim – Vai ficar tudo bem – ele estava calmo, e sua voz era irrelevante. O odiei por se manter calmo em uma situação como esta.
-Porque esta acontecendo isso comigo?O que eu fiz de errado? – chorei.
-Eu não sei Emma – ele passou a mão no meu rosto, secando minhas lagrimas. Sua mão era macia e delicada ao mesmo tempo – Não tem nada de errado com você. Você é perfeita.
Ele me abraçou. Juro que não entendia Adam, ele era tão complexo. Horas me tratava como um amigo qualquer e às vezes... Como se eu fosse a pessoa mais importante do mundo. Mas não conseguia para de pensar onde estava minha família.
Ficamos ali deitados por muito tempo. Não sei o tempo ao certo, logo dormi.












Capitulo dezessete.



            Acordei por volta das nove, Adam não estava mais na cama. Fui para o banheiro, meu rosto já não estava mais inchado, agradeci por isso. Coloquei um short e um blusão, não estava no clima para me arrumar. Passei pelo corredor, deixei escapar uma lagrima ao olhar para o quarto de Bem.
            Desci até a sala, que estava arrumada. Adam estava limpando a frase da parede, ele estava com um pano e um balde de água. A frase já não era mais legível, só restava uma enorme mancha de sangue.
-Bom dia – disse ele ao me ver.
-Não precisa limpar nada – disse me jogando no sofá.
-Não queria deixar isso aqui, se ficar muito tempo vai ser mais difícil de sair – pude ver a enorme força que Adam fazia para tirar aquilo da parede, sei que se fosse eu, do contrario dele não conseguiria.
-O que vamos fazer? – perguntei.
-Chamar a policia.
-Para me acusarem de novo? – me afundei no sofá – Primeiro mato o Roy, agora do sumiço na minha família, e por diversão resolvo mudar o papel de parede da sala – ironizei.
-É a coisa certa a fazer, mocinha.
-Odeio envolver a policia, eles sempre tiram as conclusões erradas. Odeio que todo mundo me olhe quando eu vou à rua, odeio ter a cidade me chamando de assassina! – desabafei.
-Não vai acontecer isso Emma – ele terminou a parede, jogou o pano no balde, fazendo a água vermelha respingar no chão.
-Já aconteceu uma vez, quem me garante que não vai acontecer de novo?
-Eu garanto – ele sentou no sofá.
-Posso acreditar em você? – perguntei um pouco abalada.
Ele fez que sim com a cabeça, se aproximou e beijou a minha testa. Odiava quando Adam me tratava como um bebe. Me levantei, peguei o celular e liguei para a policia.Eles chegaram e mais uma vez reviraram minha vida de cabeça para baixo.
Dessa vez foi mais fácil ouvir eles me chamarem de Valentina, nas circunstâncias, isso já não tinha importância. E com essa história toda, até percebi que esse nome não era tão feio quanto eu pensava.
O policial desconfiou, e aposto que anotaram algo sobre Adam. Afinal no ultimo caso, ele também estava envolvido, ele devia ter ido embora antes da policia. Os policiais não gostaram nada da prova ter sido apagada da parede, mas Adam mostrou uma foto a eles com o que estava escrito, o  que amenizou a expressão desconfiada dos policiais.
Eles demoraram muito, e pediram que eu fosse para algum lugar, não queriam que eu estragasse a cena do crime mais uma vez. Eu iria para a casa de Adam, mas o pai dele estava lá. Não queria ter que ficar quieta, seguindo mil e uma regras de etiqueta, Adam me deixou no hotel de novo. O que não me deixou nada feliz, eu estava impaciente, precisava de noticias, não podia continuar sem saber nada.
Jane ficou muito feliz ao me ver, ela ficou querendo saber tudo o que tinha acontecido, mas eu a poupei dos detalhes e apenas disse que foi uma emergência familiar.
-Porque não entra? – perguntou Jane entrando de cabeça na piscina.
-Não to no clima – falei um pouco emburrada.
-Mas a noite o ônibus da sua escola vai levar todo mundo embora, devia aproveitar.
-Vou ficar mais um tempo. Talvez uma semana, ou mais um pouco – disse.
-Sério? – ela perguntou toda empolgada, fiz que sim com a cabeça - Então vou ficar com você. Vai ser maravilhoso.
-É – disse um pouco seca.
-E semana que vem, vai ter uma festa aqui perto. De um aluno meu da faculdade e você vai comigo.
-Não sou muito de ir a festas.
-Por favor, meu namorado vai comigo. Queria tanto que você o conhecesse.
-Jane eu...
-Por favor – implorou ela.
-Tudo bem, desabafei.
Meu telefone tocou, olhei na tela, era Adam. Atendi correndo, ele podia ter noticia dos meus pais.
            -Descobriram alguma coisa? – perguntei assim que atendi.
            -Não. Mas chegou uma coisa para você, eu não abri, mas é uma carta.
            -Uma carta? – lembrei da carta me ameaçado que recebi uma vez.
            -Ta escrito o seu nome nela, eu peguei na caixa de correio logo cedo. Os policiais nem se lembraram de olha lá – ele riu.
            -A policia ainda está na minha casa? – precisava saber.
            -Sim, por toda parte.Estão analisando umas coisas.
            -Tem que ir no meu quarto, no meu guarda-roupa dentro de uma caixa de madeira, tem uma carta lá.Tem que ver se a letra é igual a essa.Consegue fazer isso?
            -É claro que sim.Entro pela sua varanda.
            -Ok.Me liga quando souber a resposta.Se a carta for igual, pode ser alguma coisa sobre os meus pais – falei um pouco aliviada.
            -Até mais – ele desligou.
Estava muito ansiosa, outra carta. Mas algo me deixou aliviada, se eles haviam mandado a carta para minha casa, é porque não sabiam que eu estava aqui.

-Val? – perguntou alguém tocando meu ombro, enquanto eu passava pelo corredor do hotel.
-Oi – disse um pouco assustada, era Jake.
-Estou te gritando não ouviu?
-Desculpa, acho que não.
Na verdade, talvez eu tenha ouvido. O fato de eu estar sendo chamada de Val por todo mundo, devido meu segundo nome não é nada mal. Mas quando fico muito tempo com o Adam, que é totalmente contra a parar de me chamar de Emma, eu esqueço que agora alem de Emma, também sou Val.
-Achei que tinha ido embora, vi o ônibus sair agora pouco.
-Não, vou ficar mais um tempo.
-Vai? – ele não ficou nada animado, vi pelo seu rosto, uma atitude muito estranha para o Jake.
-Tudo bem, pra você? – perguntei, mesmo não precisando da opinião dele nesse assunto.
-Claro, claro – ele disfarçou, sei que não se empolgou com a idéia.
-Tem certeza?
-Claro que sim – ele riu – Porque não vamos a praia hoje, vamos andar um pouco. E tem uma apresentação de dança lá, é muito legal.
-Apresentação de dança?
-Na verdade é só um ensaio, meu amigo comanda o grupo, eu sempre assisto eles, são muito bons. Vai gostar.
-Tudo bem – eu tinha que me distrair um pouco.
                                                 *

Eram sete da tarde quando Jake bateu no meu quarto para irmos a praia, Jane também foi. E eles falaram uma meia hora sobre dança de rua e outras coisas mais, eu não prestei muita atenção, só conseguia pensar em uma coisa, meus pais.
Adam não ligou mais, o que me deixou mais nervosa ainda.A apresentação de dança até que foi bem legal, mas eu realmente prefiro não falar sobre ela agora.
O telefone tocou, entrei em desespero e quase deixei ele cair na areia.
-Fala – disse ao atender.
-A carda diz pra não sair de casa Emma.
-Como assim? – perguntei indignada.
-Precisa voltar Emma – ele gritou.
-Porque, se eles me querem em casa, só é para me fazer mal.
-Não entende Emma. É um jogo, eles mandam e você obedece se desobedecer eles aprontam.
-Como assim “aprontam”? – a esse ponto eu estava muito preocupada mesmo. Me afastei do pessoal, não podia deixar ninguém perceber meu desespero.
-Emma não importa  - ele estava nervoso, então tive medo, Adam nunca perdia o controle, nunca se exaltava – Não arrisque.Não sabe o que eles podem  fazer, tem que voltar agora!
-Eu vou – disse muito nervosa –Eu vou!
Terminado a apresentação, insisti que voltássemos para  o quarto.Jake não gostou muito, mas a essa altura, não me importo mais com nada que pensem.


-Jane? – perguntei enquanto chegávamos no quarto.
-Sim..
-Pode me levar até a cidade?
-Por quê? – perguntou um pouco espantada.
-Sabe, estou com problemas familiares, preciso ir para casa, mas volto – claro que voltaria, ate porque não tinha onde ficar mesmo.
-Val, mas agora? – ela estava desanimada.
-Sim, por favor.
-Tudo bem – vou pegar as chaves, me encontra no estacionamento.

Fui para o estacionamento, eu não sabia qual era o carro de Jane ao certo, até porque o carro dela chegou no outro dia, já que ela veio de ônibus com agente.Mas tive uma pista, era o único carro rosa da garagem.Corri até ele,mas levei um susto ao ver uma papel colado no vidro do carro, nele dizia : Fim de jogo.
Liguei para Adam na mesma hora, mas só dava caixa postal.Eu precisava correr.Estava inquieta, me livrei do papel, Jane não poderia ver aquilo.
-Onde quer ficar? – perguntou Jane quando chegávamos na cidade?
-Uma rua depois da casa de Sam.
-Por quê? – ela virou o carro.
-Tenho parente ali – mentira.

Chegando, corri a ponto de Jane não ver em que casa eu tinha entrado, na verdade eu virei a rua e esperei o carro sair.Fui para porta da minha casa, estava vedada por faixas amarelas, tinha certeza que tinha sido os policiais.
Passei por cima das faixas correndo, abri a porta, dei um grito ao bater de frente com uma pessoa. Para minha sorte era Adam.
-Que susto, Adam – disse ofegante.
-Eu que o diga, não precisava entrar correndo – parei um minuto para respirar.
-Eles sabem Adam.
-Sabem o que?
-Que eu sai de casa, que não estava aqui. Sabem que quebrei as regras.
-Como sabem?
-Colocaram um bilhete no carro, Fim de jogo, Adam!
-Isso não é bom.

Alguém bateu na porta com muita força, dei um pulo para trás de medo.Adam foi até a porta, e abriu.Pensei que seriamos atacados mas não havia ninguém.Fui até o lado de fora, nem sinal de que esteve alguém ali, a não ser por um papel colado na porta.
-O que é isso? – perguntei para Adam, ao ler o bilhete.Norte 43?
-É o endereço, rua norte numero 43.
-O que tem lá? – perguntei assustada.
-Não sei.
Corri para fora do quintal.
-Emma?Aonde vai.
-Rua norte 43.Onde mais? – Adam veio correndo atrás de mim, ele tentou me convencer a não ir, mas aquele bilhete era para mim. Eu ignorei os últimos, não iria ignorar este também.

A rua norte era longe, o que me cansou até a raiz do cabelo.Chegando na rua havia carros de policia, e sirenes.Seja lá o que for, a policia estava lá, e isso não era um bom sinal.

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